segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Um governo com os capitalistas




Se alguém tivesse entrado em coma logo após os resultados do 1º turno das eleições presidenciais e acordasse hoje seria capaz de perguntar: "então foi o Aécio quem ganhou as eleições?"

A propósito, quem ganhou mesmo as eleições?

Vejamos, um homem do Bradesco, portanto, do mercado financeiro, é indicado para o Ministério da Fazenda. Este é Joaquim Levy. Para o Ministério do Planejamento, um defensor do ajuste, o ex-Secretário da Fezenda e professor da FGV, Nelson Barbosa; para o Ministério do Desenvolvimento um homem do grande empresariado, ex-Presidente da CNI, Armando Monteiro. Para o Ministério da Agricultura, um dos ícones e porta-vozes do agronegócio, a senadora Kátia Abreu.

Um governo tucano poderia ser uma linha direta mais clara com os princípios da ortodoxia neoliberal. Não duvidamos. Mas os olhares tucanos devem estar um tanto perplexos com tamanho papo reto da presidente Dilma na montagem do governo. Talvez até indignados, afinal, foram acusados a exaustão de que iriam fazer algo muito parecido ao que está sendo anunciado agora.
E os governistas nem estão disfarçando, visto que o futuro Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, na véspera da sua indicação, estava defendendo ajustes em palestra para executivos na cidade Campinas.
Em meio a um escândalo que está abrindo uma grave ferida nos mecanismos de funcionamento e financiamento das campanhas eleitorais e nas relações para lá de promíscuas entre empresas públicas e empreiteiras, o governo Dilma tenta a todo custo descolar-se do chamado Petrolão. Mas como faz isso? Recorrendo à mobilização popular para aprovar um plebiscito para acabar com o financiamento empresarial ou para estabelecer uma consulta sobre as reformas e demandas populares? Não, nada disso, atira-se aos braços do mercado para estabelecer, a partir daí, um novo pacto de governabilidade e confiança com o grande Capital para o segundo mandato.


Parece cair por terra qualquer expectativa ou discurso sobre possíveis inflexões do governo em relação ao período anterior. Nada disso, o PT continuará fazendo o que faz há doze anos: governar essencialmente com os capitalistas, para o mercado, para o agronegócio, para os grandes monopólios e também para as empreiteiras (um pouco mais discretamente talvez, mas que ninguém esqueça que o PAC e a expansão dos negócios brasileirospara além das fronteiras nacionais praticamente não existem sem as grandes empreiteiras).
A diferença dos mandatos anteriores é que talvez o PT faça de forma mais enfática e direta esta relação, dadasas fragilidades com as quais saiu das urnas, mesmo com a vitória. Pelo menos é o que sinaliza a montagem dos cargos chaves do ministério do segundo mandato dilmista.
Tudo indica que iremos às ruas para, não apenas pedir mais direitos, mas em primeiro lugar para defendê-los, pois o cenário de ajustes já está sendo desenhado, não apenas com nomes, mas também com medidas, como foi a elevação dos juros, o aumento dos combustíveis e as sombrias ameaças de ataques ao seguro desemprego e às pensões e aposentadorias.

A propósito, quem ganhou mesmo as eleições?

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